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Paulinho da Viola: seu tempo é hoje

Estamos em setembro de 2022 e dentro em breve Paulo César Baptista de Faria, para nós o Paulinho da Viola ou simplesmente Paulinho, fará 80 anos. Um artista que neste ano de 2022 emenda uma sequência de shows com a vitalidade daquele rapaz nascido e criado em Botafogo, filho de pai violonista e mãe pioneira, nascida Paulina Baptista dos Santos (1918-2009) e que, nas palavras do próprio Paulinho, foi “uma mulher que enfrentou os limites do seu tempo, trabalhou desde os 17 anos cuidando de pessoas com necessidades especiais e me ensinou valores que carrego para sempre. E ainda jogava num time feminino de futebol”. Quanto ao pai, Benedicto Cesar Ramos de Faria, foi responsável pelo ambiente musical em que Paulinho cresceu, na Rua Pinheiro Guimarães, 53, casa 1, bem próxima ao Morro da Saudade. César Faria foi um dos grandes violinistas do Brasil e participou do famoso e lendário Conjunto Época de Ouro, liderado por Jacob do Bandolim. Para o sustento da família, César Faria trabalhava como funcionário da Justiça Federal e fazia música pelo prazer de tocar.

Paulinho nasceu na Policlínica de Botafogo. No bairro, viveu uma infância de muita música e muitas histórias. Além da música, o futebol era outra paixão. Paulinho é vascaíno de coração e jogou muita bola no meio da rua Pinheiro Guimarães, mas só quando a radiopatrulha não passava. Paulinho tem um irmão, o seu Francisco Xavier Baptista de Faria, ou Chiquinho, para os íntimos. Chiquinho participou, dentre outros discos, do antológico Memórias chorando (1976). Do irmão mais novo, Paulinho escreveu no álbum: Chiquinho, o do bandolim, é meu irmão, um ano mais novo e excessivamente tímido. Há anos que vive dizendo que está começando”. Muitas memórias de Paulinho, o sambista sem saudades.

A biografia de Paulinho da Viola é bem conhecida e em seu site (www.paulinhodaviola.com) a temos com mais riqueza de detalhes. Vários livros também dão conta de sua obra e vida. Para a Portelamor, Paulinho da Viola é, em suas várias faces, um portelense querido, apaixonado por sua escola e que criou o mais belo hino da agremiação (em nossa modesta visão): “Foi um rio que passou em minha vida”, que deu título a disco homônimo e emblemático, de 1970. Sua discografia completa pode ser vista em nosso site: www.portelamor.com.br. Queremos falar um pouco mais afetivamente desse que é um dos grandes da Portela.

Lemos em seu site que “Paulinho não perdia as oportunidades de acompanhar o pai e desse modo presenciou importantes reuniões musicais, algumas em sua própria casa. Nesses encontros, viu tocar músicos como Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Tia Amélia, Canhoto da Paraíba e muitos outros. Em pouco tempo, já tentava os primeiros acordes no violão do pai”. Sua casa era uma escola de música, com graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado. Mas são as lições de vida ou das vidas que passaram pelo rio de memórias de sua casa que formaram Paulinho: histórias dos grandes mestres, das vicissitudes da vida, algumas tiradas do cotidiano das pessoas simples, que nosso poeta tão bem cantou em “Coisas do mundo, minha nega”.

Além do contato com o choro, em sua casa de Botafogo, na juventude ele passou a frequentar a casa de sua tia Trindade, no bairro de Vila Valqueire, subúrbio próximo de Madureira. Foi lá que brincou diversos carnavais, experiências que moldaram seu gosto pelo samba. Lemos em seu site que “as escolas e os blocos carnavalescos representavam geograficamente cada região da cidade. Paulinho criou junto com seus amigos o bloco Foliões da Rua Anália Franco, para representar a rua onde morava sua tia. A escola de samba União de Jacarepaguá, localizada perto dali, estava crescendo e convidou os jovens foliões para integrar o seu conjunto”. Paulinho compôs sambas para a União de Jacarepaguá. Gravou de Catoni, (também de Jacarepaguá) e Jorge Mexeu o samba “Cenários”, em disco de 1978 (Paulinho da Viola), homenageando várias Escolas. Momentos que foram definindo o compositor e também o homem, arriscamos. Pois na União de Jacarepaguá deu-se o primeiro contato de Paulinho com uma Escola de Samba e lá ele apresentou “Pode ser Ilusão”, por volta de 1962, um de seus primeiros sambas.

Paulinho foi bancário aos 19 anos em seu primeiro emprego, no Centro do Rio de Janeiro. Foi nesse emprego que em 1964 conhece o poeta Hermínio Bello de Carvalho, que convida Paulinho para visitá-lo em seu apartamento no Catete. Na casa de Hermínio, Paulinho entra em contato com compositores como Elton Medeiros, Anescar do Salgueiro, Carlos Cachaça, Cartola e Nelson Cavaquinho. Em breve, surgiriam as primeiras parcerias com Hermínio: “Duvide-o-dó”, gravada por Isaurinha Garcia (Paulinho a regravaria em 1999, no disco Sinal aberto, em parceria com Toquinho, em 1999); a outra, “Valsa da Solidão”, foi gravada por Elizete Cardoso em disco não comercializado.

Através da amizade com Hermínio, para além da parceria, conhece o Zicartola, restaurante do sambista Cartola e de sua mulher, dona Zica, localizado na tradicional rua da Carioca:

Artistas, jornalistas, intelectuais se reuniam para ouvir Cartola, Zé Kéti, Elton Medeiros dentre outros. Foi lá, reza a lenda, que Paulinho ganhou de Cartola seu primeiro cachê, um dinheirinho “para a passagem”. Foi Zé Keti quem o incentivou a compor e em 1965 ele grava, com o Conjunto A Voz do Morro, o primeiro disco do grupo, Roda de samba (1965). Segundo o site de Paulinho, “durante a gravação deste disco, um funcionário da gravadora perguntou a cada um dos integrantes do grupo pelos seus nomes, na sua vez Paulinho responde: “Paulo César”. E o tal funcionário: “Isto não é nome de sambista”. Posteriormente, Zé Ketti leva o fato para Sérgio Cabral que transforma a história em nota publicada num jornal com a solução do problema. Nascia Paulinho da Viola”. Seguiram-se mais dois discos, Roda de Samba volume 2 (1965) e Conjunto A Voz do Morro – Os Sambistas (1966).

“Minhas Madrugadas”, de Paulinho e Candeia (1965) seria gravada pela Divina Elizeth Cardoso, em Elizete Sobe o Morro. Paulinho tocou violão na gravação e Elton Medeiros atacou na caixa-de-fósforos. Naquela gravação surge no violão de Paulinho uma “batida” característica, que ele não usa mais.

No final do ano de 1964, Paulinho ainda frequentava a União de Jacarepaguá, quando Oscar Bigode, diretor de bateria da Portela, que Paulinho considerava um primo, o convida para conhecer a famosa agremiação de Oswaldo Cruz. No domingo seguinte, Paulinho apresentou na Ala dos Compositores da Portela a primeira parte de um samba, sob os olhares de Monarco, Candeia, Casquinha, Ventura e muitos outros. Casquinha acrescentaria de imediato uma segunda parte, dando à luz o samba “Recado”, primeira composição de Paulinho na Portela, gravado pelo conjunto A voz do Morro no segundo disco do grupo. Logo incorporado pela Ala dos Compositores da Portela, desfilou na escola em 1965 e já em 1966 apresentou o samba-enredo “Memórias de um Sargento de Milícias”, escolhido para o carnaval de 1966, quando a Portela se sagrou campeã. Paulinho já estava tomado pela Portela e ela por ele.

Mas sua vida também estava nos palcos. Hermínio Bello de Carvalho e Kleber Santos idealizaram o musical Rosa de Ouro, em 1965, espetáculo que revelou Clementina de Jesus, aos 63 anos, e trouxe de volta a figura lendária de Aracy Cortes, ambas acompanhadas por Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Nelson Sargento, Nescarzinho do Salgueiro e Paulinho. O Rosa de Ouro rendeu dois discos: Rosa de Ouro (Odeon, 1965) e Rosa de Ouro 2 (1967) e foi um musical de grande sucesso no país e no exterior. Em 1966, é chamado para gravar ao lado de Elton Medeiros o disco Na Madrugada.

No site do compositor, somos apresentados a uma história marcante: “Em 1968, Hermínio Bello de Carvalho resolveu fazer uma surpresa a Paulinho e inscreveu a música “Sei lá Mangueira”, na terceira edição do histórico festival de música da TV Record. A letra de Hermínio, musicada por Paulinho, exaltava a Mangueira, escola de samba rival à Portela. O fato causou preocupação em Paulinho, que não queria projetar a música temendo uma reação negativa dos portelenses, mas isso é um caso diferente. O samba foi interpretado por Elza Soares e Paulinho passou a ser olhado com certa desconfiança na Portela, mas o compositor diz que nunca foi questionado por isso. A experiência do festival deixou uma dívida para Paulinho, que buscava inspiração para compor uma música em homenagem à sua escola”. Daí, em 1970, surge a canção e o disco homônimo Foi um rio que passou em minha vida.

A história de Paulinho nos festivais é marcante: em 1968, inscreve “Coisas do mundo, minha nega” na I Bienal do Samba da TV Record, canção defendida por Jair Rodrigues e com a qual obteve o sexto lugar; em 1969, venceu o último festival da TV Record com “Sinal fechado”; no mesmo ano, em maio, obteve o primeiro lugar na Feira Mensal de MPB da TV Tupi, com o samba “Nada de novo”, ao lado de “Que maravilha”, de Toquinho e Jorge Ben. Meses depois, na mesma feira, lança o eterno “Foi um rio que passou em minha vida”, que se tornou o maior sucesso do ano de 1970 e o projetou nacionalmente. Era a resposta aguardada pela Portela e é a música mais lembrada do compositor, considerada uma das mais importantes da música brasileira. Na década de 70, Paulinho gravou um álbum quase todos os anos e participou de espetáculos como como Sarau, Vela no Breu e Zumbido, sucessos de público e crítica. Em 1981, já consagrado, Paulinho lança seu primeiro disco na gravadora Warner e um ano depois o disco de sucesso A toda hora rola uma história. Em 1983 é o ano de seu último disco nesta gravadora, Prisma Luminoso, um dos preferidos do artista.

A partir de Prisma luminoso, Paulinho reduz o ritmo e nos oferecia discos cada vez melhores. É o caso de Eu canto samba, de 1989, sucesso de público e crítica, e pelo qual recebeu quatro troféus do prêmio Sharp daquele ano. Em 1996, lança Bebadosamba, recordista do prêmio Sharp de 1997, a maior premiação da música brasileira nos anos 90. Com apenas dois discos, Paulinho se tornaria um dos recordistas do prêmio Sharp, com nove troféus. Bebadosamba é considerado pela imprensa especializada um dos melhores álbuns da história da Música Popular Brasileira. Também em 1997, surge o grande espetáculo com base em Bebadosamba, que gerou mais dois discos ao vivo: Bebadachama, de 1997, e Sinal aberto, de 1999, em parceria com Toquinho. Nos 80 anos de vida, aguardamos, além dos shows, um novo trabalho.

Em seu site, lemos que “muitos críticos definem a obra de Paulinho da Viola como uma ponte entre a tradição e a modernidade. Como ele mesmo diz: “Não vivo no passado, o passado vive em mim”, e com ele recria sua música “sem olhar pra trás”. Para nós, da Portelamor, Paulinho é a expressão de uma linha histórica que começa lá atrás, com outro Paulo, o Paulo da Portela, e que atravessou gerações até chegar a ele, que soube beber da chama e da herança e transformou a música de pretos, pobres e subalternizados no melhor do que se pôde produzir. Paulinho é a confirmação da profecia de Paulo da Portela e as comemorações de seus 80 anos, às vésperas do centenário da Portela, é a confirmação de que a árvore deu frutos e suas raízes são fortes.

Salve nosso mestre Paulinho da Viola!

Elogio do amor Ensaiando a canção A deriva Nervos de aço
NEGREIROS, Eliete Eça. Paulinho da Viola e o elogio do amor. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2016. NEGREIROS, Eliete Eça. Ensaiando a canção: Paulinho da Viola e outros escritos. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2011. MEDEIROS, Kenia Gusmão. À deriva: temporalidades, história e filosofia em Paulinho da Viola. Curitiba: Editora CRV, 2020. NERVOS de aço. Paulinho da Viola entrevistas a Charles Gavin. Rio de Janeiro: Ímã Editorial, 2014.

DINIZ, André; LINS, Juliana. Paulinho da Viola. São Paulo: Moderna, 2006.

COUTINHO, Eduarda Granja. Velhas memórias, histórias futuras: o sentido da tradição em Paulinho da Viola. 2. ed. Rio de Janeiro: UFRJ, 2011.

MÁXIMO, João. Paulinho da Viola. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 2002.
 

Esta seção apresenta para o público em geral e para os fãs em particular a obra ativa do compositor, com as imagens originais dos álbuns. Não são listadas as participações especiais em obras de outros artistas. A reunião dessas imagens revela uma discografia que se eterniza no tempo, trabalho de um dos maiores nomes da Música Popular Brasileira que aqui reverenciamos.

Rosa de Ouro Roda de samba Roda de Samba Rosa de Ouro
1965
Rosa de Ouro
1965
Roda de Samba – conjunto A Voz do Morro
1966
Roda de Samba 2
1967
Rosa de Ouro - Volume 2
Os Sambistas Samba na madrugada Paulinho da Viola Foi um rio que passou em minha vida
Os sambistas - conjunto A Voz do Morro 1968
Samba na madrugada - Paulinho da Viola e Elton Medeiros
1968
Paulinho da Viola
1970
Foi um rio que passou em minha vida
Paulinho da Viola Paulinho da Viola Dança da solidão Nervos de aço
1971
Paulinho da Viola
1971
Paulinho da Viola
1971
Paulinho da Viola
1973
Nervos de Aço
Paulinho da Viola Memórias chorando Memórias Cantando Paulinho da Viola
1975
Paulinho da Viola
1976
Memórias Chorando
1976
Memórias Cantando
1978
Paulinho da Viola
Zumbido Paulinho da Viola A toda hora uma estória Prisma Luminoso
1979
Zumbido
1981
Paulinho da Viola
1982
A toda hora rola uma estória
1983
Prisma Luminoso
Eu canto samba Paulinho da Viola assemble Bebadosamba Bebadachama
1989
Eu Canto Samba
1993
Paulinho da Viola e Ensemble
1996
Bebadosamba
1997
Bebadachama
Sinal aberto Meu tempo Acsutico MTV Sempre se pode
1999
Sinal Aberto - Toquinho e Paulinho da Viola
Paulinho da Viola - Meu tempo é hoje 2007
Acústico MTV
2020
Sempre se pode

Especial Paulinho da Viola

Comemoramos os 80 anos de Paulo Cesar Baptista de Faria, nosso Paulinho da Viola. Portelense de valor, sucessor de Paulo da Portela, como cantou nosso querido e saudoso Mestre Monarco, nasceu em 12 de novembro de 1942. O Filosofia Portelense trará, durante todo o ano de 2022, alguns de seus versos em forma de prosa poética. Com essas pequenas rosas de ouro, conheceremos um pouco do pensamento de Paulinho traduzido por seus versos, em sua filosofia de vida e visão de mundo. Quando houver parceria, elas virão destacadas; em seguida, o álbum e o ano em que foram registradas essas pérolas de nosso cancioneiro popular. Salve a Portela, salve o Samba, viva Paulinho da Viola!

“Em seu jardim de rosas, Rosa de Ouro, que tesouro, ter essa rosa plantada em meu peito! Rosa de ouro, que tesouro, ter essa rosa plantada no fundo do peito!”
Paulinho da Viola; Hermínio B. de Carvalho e Elton Medeiros, Álbum Rosa de Ouro, 1965.

“Morre mais um amor num coração vulgar, deixa desilusão a quem não sabe amar. E quem não sabe amar há de sofrer, porque não poderá compreender que o amor que morre é uma ilusão, e uma ilusão, tem que morrer”
Paulinho da Viola, Álbum Roda de Samba – Conjunto A Voz do Morro, 1965.

“Leva um recado a quem me deu tanto dissabor: diz que eu vivo bem melhor assim e que no passado fui um sofredor, e agora já não sou. O que passou, passou, e agora já não sou”
Paulinho da Viola e Casquinha, Álbum Roda de Samba – Conjunto A Voz do Morro, 1965, vol. 2.

“Até depois, jamais adeus! Quem sabe um dia a gente volta, quem sabe um dia numa primavera nasça pelo tempo outra Rosa de Ouro, dizendo coisas do amor pra gente nos seus lindos temas musicais. Sendo assim, jamais adeus, até depois, adeus jamais!”
Paulinho da Viola, Álbum Rosa de Ouro, 1967, vol. 2.

“Morei na roça, sinhá, morei na pedra também. Depois fui morar num barracão. Agora que saí lá da favela, vejo que sem ela não há condição”
Paulinho da Viola, Álbum Os Sambistas – Conjunto A Voz do Morro, 1968.

“Ai que saudades daquele amor que eu trazia. Novas folhas que nasciam e tu podias beijar. Hoje eu te ofereço sem a menor ilusão velhas folhas descoradas e outras mortas pelo chão”
Paulinho da Viola e Elton Medeiros, Álbum Samba na Madrugada, 1968.

“Vejo um samba ser vendido e o sambista esquecido, o seu verdadeiro autor. Eu estou necessitado, mas meu samba encabulado, eu não vendo não senhor”
Paulinho da Viola, Álbum Samba na Madrugada – Paulinho da Viola e Elton Medeiros, 1968.

“As coisas estão no mundo, só que eu preciso aprender”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola, 1968.

“Amor, repare o tempo enquanto eu faço um samba triste pra cantar. Te mostro a vida pra mudar o teu sorriso, te dou meu samba com vontade de chorar. Amor, felicidade é o segredo que outro dia te contei: o sol que morre nos cabelos das morenas um dia nasce sobre as ruas que sonhei”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola: Foi um rio que passou em minha vida, 1970.

“Quem quiser que pense um pouco, eu não posso explicar meus encontros, ninguém pode explicar a vida num samba curto”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola, 1971.

“Hoje eu quero apenas uma pausa de mil compassos, para ver as meninas e nada mais nos braços, só este amor, assim descontraído. Porque eu hoje eu vou fazer, a meu jeito eu vou fazer, um samba sobre o infinito”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola, 1971.

“A razão porque mando um sorriso e não corro é que andei levando a vida quase morto. Quero fechar a ferida, quero estancar o sangue e sepultar bem longe o que restou da camisa colorida que cobria minha dor”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola, 1971.

“Sabes muito bem que a vida é curta e muitas vezes a gente morre sem viver. Entre sol e pedra nos achamos, guerreando nos amamos, quase sempre sem saber por que. Posso até fazer quem sabe um dia um samba só de alegria pra dedicar a você”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola, 1971.

“Meu pai sempre me dizia: “meu filho, tome cuidado”. Quando eu penso no futuro não esqueço meu passado”
Paulinho da Viola, Álbum A dança da solidão, 1972.

“O tempo é um pássaro de natureza vaga”
Paulinho da Viola e Capinan, Álbum A dança da solidão, 1972.

“Ergo em silêncio, como um pirata perdido, minha negra bandeira e me sento, mexo e remexo e me perco e adormeço nas ruínas da cidade submersa, sonhando um mar que não conheço, como não conheço as ondas do meu coração”
Paulinho da Viola, Álbum Nervos de aço, 1973.

“Um choro negro é de quem tem o que sentir, áspera alma, cetim, luz da doçura de ser. Agulhas, palhas, perdição e descobertas. Vou chorar mais choros negros para ainda existir”
Paulinho da Viola, Álbum Nervos de aço, 1973.

“Certas palavras brincarão, apesar de seus sons. Qualquer trajeto partirá dos seus próprios pés. A treva, o riso, a dor e o sonho são partes do coração”
Paulinho da Viola, Álbum Nervos de aço, 1973.

“Sem preconceito ou mania de passado, sem querer ficar do lado de quem não quer navegar, faça como um velho marinheiro, que durante o nevoeiro leva o barco devagar”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola, 1975.

“Uma semente atirada num solo fértil não deve morrer. É sempre uma nova esperança que a gente alimenta de sobreviver”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola, 1975.

“Devemos abandonar qualquer desejo de vingança para não prejudicar no futuro uma nova esperança”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola, 1975.

“Cantando, um novo sentido, uma nova alegria. Se foi desespero, hoje é sabedoria; se foi fingimento hoje é sinceridade. Lutando, que não há sentido de outra maneira. Uma vida não é brincadeira e só desse jeito é a felicidade”
Paulinho da Viola, Memórias cantando, 1976.

“Guarda contigo o que não é mais segredo, que esse negro trem histórias, meu irmão, para fazer um novo enredo”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola, 1978.

“Nos horizontes do mundo, quem não teve um sofrimento e não guardou na lembrança os restos de uma paixão? Coração, recolha tudo, essas cosias são do mundo. Só não guarde mais o medo de viver a vida, não”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola, 1978.

“Nos horizontes do mundo, não haverá movimento se o botão do sentimento não abrir no coração”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola, 1978.

“Dívida de amor é como um vício, depende da dor, nos escraviza, inferniza o ser, vira um suplício, congela o calor, nada se cria”
Paulinho da Viola, Álbum Zumbido, 1979.

“Em termos de arte negra, é comigo, faço aquilo que posso fazer: samba para mim não é problema, se você me der um tema eu faço samba pra você”
Paulinho da Viola, Álbum Zumbido, 1979.

“Todo aquele que sabe separar o amor da paixão tem o segredo da vida e da morte no seu coração”
Paulinho da Viola, Álbum Zumbido, 1979.

“O samba falava que nego tem é que brigar do jeito der, pra se libertar e ter o direito de ser o que é”
Paulinho da Viola, Álbum Zumbido, 1979.

“A vida tem seu renascer de uma dor; toda ferida um dia tem que fechar; e quem secou esse pranto pode novamente amar”
Paulinho da Viola, Álbum Zumbido, 1979.

“Venho reabrir as janelas da vida e cantar como jamais cantei essa felicidade ainda”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola, 1981.

“Acho que na minha vida, de tanto amarem errado, quando me amam bonito, eu já nem sei ser amado”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola, 1981.

“Pois o meu ideal se resume em ter meu destino na palma da mão”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola, 1981.

“O voo não cansa, nem se acaba, o coração que desaba não esmaga o amor”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola, 1981.

“A todo instante rola um movimento que muda o rumo dos ventos. Quem sabe remar não estranha”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola, 1982.

“Mesmo no gelo da noite, meu coração não esfria, e quando o vendaval passar acharemos uma ilha”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola, 1982.

“O amor é um segredo e sempre chega em silêncio, como a luz no amanhecer. Por isso eu deixo em aberto meu saldo de sentimento, sabendo que só o tempo ensina a gente a viver”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola, 1982.

“Quando tudo é esquecimento, uma flor sobrevive ao tempo”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola, 1982.

“Quando não podia nem falar é que meu violão me ajudava a trazer esperança dentro de um poema”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola, 1982.

“Meu tempo às vezes se perde em coisas que não desejo, mas não repare esse lado, pois meu amor é o mesmo”
Paulinho da Viola, Álbum Prisma luminoso, 1983.

“Onde anda essa razão que há pouco estava do meu lado? Como pode um coração bater assim nesse compasso?”
Paulinho da Viola, Álbum Prisma luminoso, 1983.

“Viver é tempestade e calmaria, sofrendo a gente aprende a navegar um dia”
Paulinho da Viola, Álbum Prisma luminoso, 1983.

“Quando menina, o homem ensina o perdão; quando mulher, em cada esquina um alçapão”
Paulinho da Viola, Álbum Prisma luminoso, 1983.

“Quando se mente se planta uma semente em pedaços; os sonhos irão em chamas e a paixão será seu fardo”
Paulinho da Viola, Álbum Prisma luminoso, 1983.

“O samba é alegria falando coisas da gente, se você anda tristonho, no samba fica contente”
Paulinho da Viola, Álbum Eu canto samba, 1989.

“Há muito tempo eu escuto esse papo furado dizendo que o samba acabou: só se foi quando o dia clareou”
Paulinho da Viola, Álbum Eu canto samba, 1989.

“Quando um poeta se encontra sozinho num canto qualquer do seu mundo vibram acordes, surgem imagens Soam palavras, formam-se frases, mágoas, tudo passa com o tempo”
Paulinho da Viola, Álbum Eu canto samba, 1989.

“Amar é um dom, há que saber o tom e entoar bem certo a melodia”
Paulinho da Viola e Hermínio Belo de Carvalho, Álbum Eu canto samba, 1989.

“Acho que a felicidade é um sonho tão difícil de realizar”
Paulinho da Viola, Álbum Eu canto samba, 1989.

“Solidão é a sombra maior entre a gente, se algum pensamento que vem não seduz. O poeta declina daquilo que ele não sente e o silêncio é o peso que ele conduz. Mas se o tempo se acha no sol do poente e do céu se retira um pedaço do azul, o poeta ressurge e lança no ar a semente e reparte feliz a sua luz“
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola Bebadosamba, 1996.

“Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar“
Paulinho da Viola e Hermínio Belo de Carvalho, Álbum Paulinho da Viola Bebadosamba, 1996.

“O leme da minha vida Deus é quem faz governar“
Paulinho da Viola e Hermínio Belo de Carvalho, Álbum Paulinho da Viola Bebadosamba, 1996.

“A rede do meu destino parece a de um pescador: quando retorna vazia, vem carregada de dor“
Paulinho da Viola e Hermínio Belo de Carvalho, Álbum Paulinho da Viola Bebadosamba, 1996.

“O tempo poderá lhe dizer que tudo traz alguma dor e o bem de revelar que tal felicidade sempre tão fugaz a gente tem que conquistar”
Paulinho da Viola e Elton Medeiros, Álbum Paulinho da Viola Bebadosamba, 1996.

“Eu pensei que poderia vestir minha fantasia e fazer um carnaval; abusei demais da liberdade, era dono da verdade, esse foi meu grande mal“
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola Bebadosamba, 1996.

“Se o erro enfim se paga com tanta solidão, o saldo a gente guarda pra depois como recordação”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola Bebadosamba, 1996.

“Olha, o mar não tem cabelos que a gente possa agarrar”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola Bebadosamba, 1996.

“E quanto mais remo mais rezo para nunca mais se acabar essa viagem que faz o mar em torno do mar”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola Bebadosamba, 1996.

“Mas o tempo sempre apaga o fogo de qualquer paixão e lança sem pena as flores que restaram nas águas da desilusão”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola Bebadosamba, 1996.

“Hoje com meus desenganos me ponho a pensar: que na vida, paixão e razão, ambas, têm seu lugar”.
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola Bebadosamba, 1996.

“Se navegar no vazio é mesmo o destino do meu coração, parto para ser esquecido, navio perdido na imensidão”
Paulinho da Viola e Sérgio Natureza, Álbum Paulinho da Viola Bebadosamba, 1996.

“Não quero o cais, outro porto, não mais o mar morto da minha ilusão”
Paulinho da Viola e Sérgio Natureza, Álbum Paulinho da Viola Bebadosamba, 1996.

“Se eu sou de um rio marinho, o mar é meu ninho, meu leito e meu chão”
Paulinho da Viola e Sérgio Natureza, Álbum Paulinho da Viola Bebadosamba, 1996.

“A vida, portanto, meu caro, não tem solução”
Paulinho da Viola e Ferreira Gullar, Álbum Paulinho da Viola Bebadosamba, 1996.

“Se lágrima fosse de pedra, eu choraria”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola Bebadosamba, 1996.

“Bêbado de samba e outros sonhos, choro a lágrima comum que todos choram”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola Bebadosamba, 1996.

“Meu choro, Boca, dolente por questão de estilo, é chula quase raiada, solo espontâneo e rude de um samba nunca terminado, um rio de murmúrios da memória de meus olhos, e quando aflora serve, antes de tudo, para aliviar o peso das palavras, que ninguém é de pedra”
Paulinho da Viola, Álbum Paulinho da Viola Bebadosamba, 1996.

“Eu não preciso de patuá nem peço ao meu Orixá; não vou na igreja, não sei rezar, mas tenho fé”
Paulinho da Viola, Marisa Monte e Arnaldo Antunes, Álbum Paulinho da Viola: Acústico MTV, 2007.

“Pierrot, por favor não deixe de brincar, pois há muita Colombina por aí, sonhando e procurando um par”
Paulinho da Viola, no álbum Bloco do amor, de Beatriz Rabello, 2017.

“Já deixei do futebol, já não passo mais no bar, e declino quando alguém me chama para ir jogar bilhar. Assumi um compromisso e não quero vacilar, pois o samba é um vício que eu não posso abandonar”
Paulinho da Viola, Sempre se pode sonhar, 2020.

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